'Chuva preta': análise indica possível presença de metais tóxicos prejudiciais à saúde em Porto Alegre, diz UFRGS
14/09/2024
Fumaça de queimadas causou fenômeno. Água e ar são de ‘péssima qualidade’ e prejudiciais à saúde, aponta o estudo. IPH analisa qualidade da água da "chuva preta" que caiu sobre Porto Alegre
RBS TV/Reprodução
Análise da água da "chuva preta" que caiu sobre Porto Alegre feita pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) indica a possibilidade da presença de metais tóxicos e microrganismos que foram transportados da atmosfera poluída até a superfície. Eles podem ser prejudiciais à saúde de humanos, de animais e da flora.
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Conforme o estudo preliminar, divulgado na manhã deste sábado (14), a chuva preta foi causada pela fumaça das queimadas que atingem o país. Foram coletadas amostras de água na manhã de quinta-feira (12).
"Observamos que a água não é potável. Esses valores elevados são um indicativo da péssima qualidade do ar que estava sobre Porto Alegre e da água que chegou à superfície", disse Louidi Lauer, pesquisador do IPH.
Um dos indicadores que aponta para a baixa qualidade da água está a turbidez: quanto menor, mais cristalina e de melhor qualidade é a água. Para consumo, o recomendado é que o indicador fique abaixo de 1. O valor encontrado pelos pesquisadores na análise da água da chuva foi de 89,9 – quase 90 vezes maior que o indicado.
Análise da água da chuva preta que caiu sobre Porto Alegre
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Outro indicador foi a cor da água. O resultado foi de 100,3 mg/L Pt-Co, sendo que o Ministério da Saúde estabelece 15 como valor máximo – Porto Alegre registrou um índice quase 7 vezes maior que o limite.
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Concentração de partículas sólidas na água é sete vezes maior que o normal, indica UFRGS
Em relação à presença de substâncias orgânicas e inorgânicas na água que podem causar corrosão, a análise resultou na presença de 109 mg/L, sendo que o esperado é que o número fique abaixo de 500 mg/L.
A respeito da acidez da água, o índice registrado foi de 6,8, o que indica "chuva levemente ácida", pois sete é o número do PH neutro.
A análise da água deve continuar com o objetivo de confirmar a presença de metais tóxicos.
Análise da água da chuva preta que caiu sobre Porto Alegre
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Qualidade do ar em Porto Alegre
A qualidade do ar é considera insalubre ou ruim em Porto Alegre neste sábado, de acordo com o observatório suíço IQAir, que usa dados de satélite para estimar a quantidade de partículas por metro cúbico de ar em cidades que não têm estações de monitoramento, como é o caso da Capital (o estado tem cinco em funcionamento: em Canoas, Gravataí, Esteio, Guaíba e Triunfo).
A concentração de partículas no ar está 8,4 vezes maior do que o considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que gira entre 0 e 5. São 42,2 microgramas por metro cúbico de ar, sendo que, ainda essa semana, eram mais de 60, 12 vezes acima do índice recomendado – o que aponta melhora na qualidade.
No entanto, a situação ainda está longe da ideal: antes da chegada da fumaça, a concentração era de cerca de 2 microgramas por metro cúbico de ar.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), órgão responsável pela gestão das estações de monitoramento no RS, diz que "monitora constantemente a qualidade do ar na região Metropolitana de Porto Alegre". A última vez que a qualidade do ar foi avaliada como ruim foi em 11 de setembro, em Triunfo. Neste sábado, é moderada.
Fumaça dos incêndios na Amazônia chegou ao Sul do Brasil. Na foto, Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, é encoberta pela poluição.
REUTERS/Diego Vara
Tendência
A tendência, conforme o IQAir, é que a qualidade do ar fique "boa" a partir deste domingo (15). No entanto, por conta da continuidade das queimadas, é possível que a fumaça originada entre as regiões Norte e Central do país piore a qualidade a partir da próxima quarta-feira (18), quando deve ter qualidade "moderada", mas fique "insalubre" na sexta (20).
Recomendações de prevenção à saúde
Se tiver sintomas respiratórios, busque atendimento médico o mais rápido possível
Beba mais água e líquidos para manter o aparelho respiratório úmido e mais protegido
Se possível, fique menos tempo em ambiente aberto, durante o dia ou à noite
Mantenha portas e janelas fechadas, para diminuir a entrada da poluição externa no ambiente
Evite atividades em ambiente aberto enquanto durar o período crítico de contaminação do ar pela fumaça
Recomendações a pessoas com problemas cardíacos, respiratórios e imunológicos:
Manter ao alcance os medicamentos indicados pelo médico, para uso em crises agudas
Buscar imediatamente atendimento médico se apresentar sinais ou sintomas de piora das condições de saúde após exposição à fumaça
Consultar o médico sobre a necessidade de mudar o seu tratamento
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