PMs que mataram homem com esquizofrenia no RS agiram em legítima defesa, conclui Polícia Civil
10/11/2025
(Foto: Reprodução) Herick Cristian da Silva Vargas, morto baleado pela polícia militar
Arquivo pessoal
A Polícia Civil concluiu que os PMs que mataram Herick Cristian da Silva Vargas, 29 anos, agiram em legítima defesa. O jovem tinha diagnóstico de esquizofrenia e estaria em surto quando foi baleado. O caso aconteceu em setembro deste ano, no bairro Santa Fé, em Porto Alegre.
"Após análise detalhada do conjunto de elementos informativos, foi constatado que a atuação dos policiais militares observou os protocolos de uso diferenciado e progressivo da força", diz nota. Leia abaixo a íntegra
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A conclusão da Polícia Civil acompanha o entendimento da Corregedoria da Brigada Militar (BM), que havia instaurado uma apuração paralela. Na avaliação da BM, os dois policiais atiraram contra Herick porque "havia um risco iminente".
Com a definição, não há indiciamento dos policiais militares envolvidos no fato. O relatório final é enviado para a Justiça, que dará vista para o Ministério Público se manifestar. Se houver concordância com a alegação de legítima defesa, o caso é arquivado.
Os dois policiais estavam afastados desde o episódio, mas, com a conclusão do inquérito, podem retornar ao trabalho.
Versões do caso
A BM relata que foi a mãe de Herick quem acionou a polícia. Ela relatou que o filho estava agressivo após fazer uso de cocaína. A ocorrência seria de violência doméstica. Ao chegarem ao local, os policiais teriam tentado conter Herick com o uso de uma arma de incapacitação neuromuscular (arma de choque), sem efeito.
Herick teria avançado contra os agentes, que reagiram atirando quatro vezes com arma de fogo. Ele foi baleado e morreu no local, apesar da tentativa de socorro pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Toda a ocorrência teria durado cerca de quatro minutos.
"[A] atuação dos policiais militares obedeceu as regras de uso diferenciado da força, iniciando pela conversação, evoluindo para emprego de instrumento de menor potencial ofensivo e força letal, à medida em que as atitudes de H.C.S.V evoluíram de cooperativo para agressão física com risco iminente à vida dos policiais", disse a BM por meio de nota (leia ela, na íntegra, abaixo).
Segundo relato da mãe de Herick, Evolmara Vargas, ele estava em surto e precisava de ajuda médica. A mulher alega que chamou os policiais para garantir atendimento ao filho.
"Chamei ajuda, não para matar meu filho, e foi o que aconteceu. Atiraram no rosto dele, não sei quantos tiros", lamentou Evolmara na época.
Entre as provas reunidas pela Corregedoria para concluir que os policiais agiram em legítima defesa estão as imagens de câmeras corporais que os agentes usavam e depoimentos da mãe e da tia de Herick.
Evolmara Vargas e Paulo Ricardo Vargas, pais de Herick Cristian da Silva Vargas
Reprodução/ RBS TV
Nota da Polícia Civil
A 3ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (3ªDPHPP) informa a conclusão do Inquérito Policial instaurado para apurar as circunstâncias que levaram ao óbito de um homem, ocorrido em 15 de setembro de 2025, no bairro Parque Santa Fé na cidade de Porto Alegre.
Após análise detalhada do conjunto dos elementos informativos, foi constatado que a atuação dos policiais militares observou os protocolos de uso diferenciado e progressivo da força.
O Inquérito Policial foi encaminhado à Justiça para as providências cabíveis, destacando que houve decretação de sigilo do inquérito.
Nota da Brigada Militar
"A Corregedoria-Geral da Brigada Militar comunica a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado para a apuração dos fatos que resultaram no óbito do Sr. H.C.S.V, no dia 15 de setembro de 2025, na cidade de Porto Alegre.
A análise do amplo conjunto probatório - gravações das câmeras corporais (COPs), depoimentos, laudos periciais, demonstraram que a atuação dos policiais militares obedeceu as regras de uso diferenciado da força, iniciando pela conversação, evoluindo para emprego de instrumento de menor potencial ofensivo e força letal, à medida em que as atitudes de H.C.S.V evoluíram de cooperativo para agressão física com risco iminente à vida dos policiais.
O laudo toxicológico, lavrado pelo órgão oficial de perícia do Estado, constatou a ingestão de cocaína em concentração extremamente elevada, o que somado a crise de esquizofrenia, da qual o sr. H.C.S.V era portador, resultou em intenso descontrole, infelizmente não sendo possível contê-lo de outra forma dentro das circunstâncias apresentadas.
O inquérito foi remetido à Justiça Militar do Estado para as devidas providências.
Porto Alegre, 03 de novembro de 2025".
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